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José Castelo Branco revela ter sido vítima de violação aos onze anos “Sei perfeitamente quem me violou, mas guardo comigo. Hei-de revelá-lo num livro de memórias.” Na sequência de uma entrevista a um canal de televisão espanhol a propósito do lançamento do seu disco, e na qual José Castelo Branco revelou um dos grandes dramas da sua vida – o facto de ter sido violado aos onze anos –, o cantor falou com a CARAS, numa conversa onde esclareceu os detalhes deste drama.
–Ficou surpreendido ao ser convidado para dar uma entrevista a um canal de televisão espanhol?
José Castelo Branco – Sim, mas penso que tudo aconteceu depois de eu ter sido notícia no El Mundo. Ligaram-me da produção do programa, depois de ter aceite dar a entrevista, para saberem mais sobre mim. Ficaram entusiasmadíssimos com a história de eu ter sido a Tatiana [uma personagem travesti que interpretou no início da idade adulta]. Acabei por lhes contar a minha história de vida. Perguntaram-me por que é que gosto de andar de saltos altos e de me maquilhar, e eu respondi que me fascina o mundo das mulheres, porque sou uma grande ‘bicha’. Riram-se... “Superei o trauma da violação quando tive relações sexuais pela primeira vez, com a mãe do meu filho.”
– O Zé define-se como ‘bicha’, mas não como homossexual...
– Apesar de não ser praticante, penso que sou uma ‘bicha’ de atitude. É uma expressão que uso para toda a gente, sem carga pejorativa. Faço-o para desmistificar o termo.
– Nessa entrevista acabou por fazer revelações bombásticas…
– É verdade. Fiz revelações que ninguém esperava. Tudo aconteceu porque ele me perguntou como é que eu gostava de mulheres, sendo uma grande ‘bicha’, já que não conseguiam perceber isso. E eu disse que fiquei tão mulher, tão mulher que comecei a gostar de mulheres.
– Mas a maior revelação é a de ter sido violado aos onze anos...
– Sim. Confessei pela primeira vez que fui violado. E contei-lhes exactamente como contei ao meu filho Guilherme, e só porque ele já sabia. Disse que tinha tudo para ser uma verdadeira bicha, nunca para ser uma pessoa normal em termos sexuais, mas que houve muita coisa que me marcou. E assumi que fui violado quando tinha onze anos por um homem de 26. A partir desse dia sempre reagi mal à ideia de ver um homem nu, mas só descobri que gostava de mulheres pelos meus 19 anos. Foi aí, ainda completamente virgem, que iniciei a relação com a minha primeira mulher e mãe do meu filho, a Arlete. Considero que foi o momento em que me assumi lésbica. Antes disso tinha horror ao sexo. A Arlete foi trabalhar para mim como secretária ainda eu era a Tatiana. Apaixonámo-nos, mas a Tatiana só ‘morreu’ quando me casei, a 19 de Março de 1986. Foi a primeira vez que pus um fato de homem. “O meu filho é uma pessoa fantástica. Disse que percebia tudo e que isto o ajudava a compreender muita coisa sobre mim.”
– Mas sabe quem foi a pessoa que o violou?
– Sei perfeitamente, mas guardo comigo. Hei-de revelá-lo num livro de memórias.
– Emocionou-se ao fazer essa revelação?
– Emocionei-me, porque foi uma pedra que tirei do sapato. Sempre quis revelar isto, mas tive de esperar para poder contar primeiro ao meu filho.
– Como é que ele reagiu?
– O Guilherme é uma pessoa fantástica e com uma cabeça óptima. É um rapaz superequilibrado. Disse que percebia tudo e que isso o ajudava a compreender muita coisa sobre mim.
– E a Betty, como reagiu?
– A Betty já sabia tudo e no programa ficou de tal forma emocionada que no fim disse-me: “Conseguiste, venceste mais uma batalha. Mereces tudo.” Comemorámos com champanhe. – Como superou o trauma da violação?
– Superei-o precisamente quando tive relações sexuais pela primeira vez, com a minha primeira mulher. Mas foi uma grande confusão para a minha cabeça.
– Antes disso gostava de homens?
– Aos dez anos eu achava que gostava de homens. Mais tarde ainda me apaixonei, platonicamente, mas nunca consegui chegar a vias de facto com um homem. Inclusivamente, sofri horrores nos colégios internos, porque era tudo ao molho e fé em Deus. Houve uma vez até que me queixei ao director de um colégio onde eu andava que um rapaz de vinte e tal anos queria obrigar-me a ter sexo com ele. Foi a pior coisa que fiz: os rapazes da camarata começaram todos a bater-me. Eu não sabia que havia esses códigos de sexo dentro do próprio colégio. Fiquei muito assustado e comecei a arranjar doenças por tudo e por nada. Passava o tempo na enfermaria, cheio de medo. “Sei perfeitamente quem me violou, mas guardo comigo. Hei-de revelá-lo num livro de memórias.”
– O Zé nunca teve, então, uma relação homossexual?
– Não, nunca tive uma relação com outro homem. Apesar de gostar de homens, de saber apreciar homens e de usar até, com eles, aquele jogo de sedução, quando chega a hora ‘H’, fujo. Não consigo estar com um homem quando ele se começa a despir. Fujo mesmo.
– Tem noção de que isso é surpreendente para o público em geral?
– As pessoas nunca souberam da minha vida sexual, e continuam sem saber. É este mistério que me torna tão especial. Porque acima de tudo gosto do ser humano, mas a minha sexualidade é muito própria, muito minha.
Rodrigo Freixo in CARAS